quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Com vendas de automóveis em expansão é hora de redobrar atenção com relação às estratégias tributárias




Juros ainda em patamares proibitivos segue como fator de contenção de uma demanda interna que tem todo potencial para ganhar ainda mais musculatura

Marcos Gonzalez*

Os bons ventos voltaram a soprar para a indústria automotiva. O segundo semestre prometia, e vem cumprindo com louvor, dias bem melhores em termos de vendas, produção e, o que é mais animador, exportação. A redução do IPI deixa claro que, em termos de impostos sobre produto industrializado, menos sempre vai significar mais: vendendo-se mais automóveis, com o atrativo da redução nos preços, arrecada-se, naturalmente, mais tributos para os cofres públicos.


Juros ainda em patamares proibitivos segue como fator de contenção de uma demanda interna que tem todo potencial para ganhar ainda mais musculatura. Já a demanda externa, com muitos mercados livres de juros abusivos, vem trazendo alegrias para o pessoal de exportação das montadoras: foram 46,8 mil unidades exportadas em agosto deste ano, registrando expansão de 58,9% em comparação com o mesmo mês do ano passado (29,4 mil veículos “made in Brazil” enviados aos mercados da América do Sul, África e do Oriente Médio).

Com boas vendas tanto para fora como para dentro do Brasil, e um agosto, finalmente, sem registro de dias parados nas linhas de montagem, a indústria automotiva bateu novo recorde produção acumulada do ano e já supera em 4,7% a do mesmo período do ano passado.

Neste agosto as montadoras produziram 238 mil unidades, registrando alta de 8,7% sobre julho e de 43,9% sobre agosto de 2021. Pela primeira vez o volume acumulado do ano superou o do mesmo período do ano anterior: 1,549 milhão, contra 1.479 milhão, com crescimento de 4,7%. O segmento de ônibus, que amargou dificuldades em 2020 e 2021, vem sendo um dos destaques, com 20 mil unidades produzidas no ano, 50% a mais do que nos oito primeiros meses de 2021.

O balanço mensal divulgado pela Anfavea apresentou outros números animadores. As vendas em agosto totalizaram 208,6 mil unidades, melhor resultado dos últimos 19 meses. Foi a primeira vez no ano que esse indicador superou a barreira das 200 mil unidades. O indicativo mais importante foi a média diária de vendas que, em agosto, bateu 9,1 mil emplacamentos, também registrando a melhor marca do ano.

É clara a tendência de alta nas vendas de automóveis no Brasil e, com o câmbio favorável às exportações, as vendas externas, tanto de veículos como, também, de componentes, ganham destaque. Os bons ventos, contudo, exigem cautela e atenção especialmente com importação de componentes (obviamente em expansão), operação que exige inteligência e estratégia tributária para evitar, por exemplo, as perdulárias e indesejáveis cascatas de impostos que sempre impactam nos custos, aviltam a rentabilidade e, o que é pior, prejudicam a competitividade de toda cadeia automotiva.

*Marcos Gonzalez é o diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex. Formado em Engenharia, com pós-graduação em Administração e MBA em Gestão Fiscal e Tributária, o executivo acumula mais de 35 anos de experiência profissional em empresas do setor automotivo. Gonzalez tem sólida carreira desenvolvida em empresas multinacionais com forte experiência na prospecção e desenvolvimento de novos negócios e habilidade multicultural adquirida no desenvolvimento de atividades comerciais junto a clientes no exterior.

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