terça-feira, 18 de novembro de 2008

ALPHA AUTOS 37ªEDIÇÃO - ALPHA ESPORTES






A dor de uma vitória

Mesmo perdendo um título, Felipe Massa se consagra como herói

Edmur Hashitani

Nunca vi uma vitória de GP tão dolorida. Mesmo dias após os acontecimentos, é difícil falar alguma coisa. Porque não assisti a corrida toda ao vivo. Estava do lado de fora do autódromo, ouvindo os roncos dos motores, quando a largada foi dada, cumprindo obrigações profissionais. Porque quando cheguei em casa, faltavam 12 voltas para o final e o Vettel pressionava Hamilton, que era o quarto, não valia nada.

Dolorida porque começou a chover e todo mundo parou nos boxes para trocar os pneus, menos Timo Glock, que assumiu a quarta posição. Porque o Vettel passou o inglês, o jogando para sexto e, assim, colocou nove dedos de Felipe no caneco. Porque na última volta a chuva caiu violentamente e na penúltima curva, numa decisão digna de Indy, os pneus da Toyota de Glock não agüentaram.

Se não tivesse chovido, se Hamilton tivesse terminado em quarto, não doía tanto. Mas, todos sabemos, que o “se” não existe. E digam o que disserem, os pneus pra seco de Glock realmente não agüentaram, ele não abriu deliberadamente para o inglês ser campeão. A sorte estava do lado da McLaren, apenas isto. Sorte e competência. Afinal de contas, foram inúmeros os erros da Ferrari durante toda a temporada.

No entanto, apesar de todos os pontos contra, de todos os detalhes que fizeram da decisão do mundial de 2008 em um drama que talvez nem Hollywood pudesse prever, Felipe Massa saiu do carro um vencedor. Porque, o pequeno paulista tinha todo o direito de sair do seu carro de cara amarrada. Mas não. Fez questão de agradecer ao público em todo o momento. Ao receber o troféu, quebrou o protocolo e saiu do pódio, batendo no peito e apontando para sua torcida, que, àquela altura, já o havia proclamado herói da tarde.

Felipe mostrou hombridade, dignidade, raça. Mostrou que tem peito e talento para encarar Hamilton e quem mais vier nos próximos anos. Provou que a chuva não o assusta, como muitos diziam. Eu, inclusive, não acreditava muito em seu desempenho em pista molhada. Pois ele deu um show de pilotagem na água de Interlagos.

Se no início da temporada faltasse confiança em Massa, sendo companheiro de equipe do campeão do mundo, o ano que vem começará com o brasileiro encabeçando a lista de favoritos ao título. Ele sai de 2008 como um piloto mais maduro do que aquele que começou a temporada. Seu desenvolvimento ao longo do campeonato foi notável. Corrigiu erros, superou adversidades e mostrou muito preparo psicológico.

Enfim, apesar do excelente ano de Massa, o título de Hamilton foi, sim, merecido. Uma conquista de talento, regularidade e muita, mas muita sorte na última curva do ano. Mas tudo bem, 2009 está aí.

Rápidas

Na A1GP, que teve sua segunda rodada disputada no último fim de semana, em Chengdu, China, o Brasil não foi bem. O carro do país, guiado por Felipe Guimarães, novamente enfrentou problemas e abandonou as duas baterias. A Sprint Race (prova mais curta) foi vencida pelo time irlandês, guiado por Adam Carroll. Na Feature Race (corrida principal, que vale mais pontos), a vitória ficou com Portugal, com Filipe Albuquerque ao volante. Esta foi a primeira vitória do time português. O campeonato é liderado pela Malásia, que sediará a próxima etapa do campeonato, dia 23 de novembro.

Dois sobrenomes deixaram esta etapa da categoria um pouco mais interessante. Juntos, na pista, estavam Andretti e Prost. Não, os veteranos não resolveram voltar a pilotar para defender seus países. Prost, na verdade é Nicolas Prost, filho de Alain, eterno rival de Ayrton Senna. Andretti, este sim bem mais conhecido pelo público, é Marco Andretti, filho de Michael e neto de Mario. Aliás, a equipe de seu pai é o responsável pelo time dos Estados Unidos. Apesar da expectativa, nenhum dos dois conseguiu bons resultados.

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